Calunga Grande


Olá amigos do blog!

Com certeza vocês já devem ter ouvido um guia de Umbanda, principalmente um Preto-Velho, mencionando a "Calunga Grande" em seus conselhos ou ainda ouvido um ponto cantado que falasse sobre ela. Talvez os mais novos no meio umbandista não saibam o que quer dizer, então hoje vamos falar um pouquinho sobre isso.

A Calunga Grande é o mar imenso. Ao longo da história, suas águas receberam muitos corpos de irmãos que faleceram em guerras, catástrofes e nos navios negreiros. Muitas pessoas também morreram em lutas contra os piratas, nos combates no mar que levaram a tantos naufrágios. O fundo do mar é recheado de histórias de pessoas que ali desencarnaram. Por isso os Pretos-Velhos o chamam assim. Em alguns países, ainda hoje, é na Calunga Grande que são colocados os corpos das pessoas que falecem.

Há um ponto de Iemanjá que de forma sútil e até mesmo poética que pode ser interpretada como uma menção a Calunga Grande:

"Pescador, pegou o veleiro e foi
navegar no reino da Iemanjá.
Veleiro voltou sozinho,
pescador o mar levou
Ah! Como é belo viver no mar
no Reino da Iemanjá".


A Calunga Grande é o reino de domínio de Iemanjá. Ali tomam conta os marinheiros, as Caboclas do Mar e na praia os Pretos-Velhos, Ciganos, Exus e Pombogiras. Na Calunga Grande podemos pedir ajuda a Iemanjá para a cura de doenças e questões relacionadas à saúde. Ali também está presente a força poderosa de Ogum, pois na areia do mar está Ogum-Beira Mar e dentro da água está Ogum Sete Ondas. Eles atuam na ronda da Calunga Grande e no Reino de Iemanjá.

Devemos lembrar que o mar é o lugar que deu início a todas as formas de vida do planeta, assim como Iemanjá é a Grande Mãe, regendo todos os começos. Na verdade o oceano é um grande mistério. Sabemos que possui profundos e desconhecidos abismos, onde se encontram muitas almas delinquentes prisioneiras, esperando o momento de sua regeneração, isoladas do mundo pela capacidade de destruição que ainda possuem.


No mar também temos as sereias. Elas são seres que nunca encarnaram e atuam como seres encantados como os elementais. São seres naturais, regidas por Yemanjá, Oxum, Oxumaré e Nanã. Junto à Mãe Iemanjá também há crianças, como Mariazinha da Praia, Joãozinho da Praia, Juquinha, Pedrinho, Estrelinha, que chegam nos terreiros trabalhando intensamente, com seu jeito brincalhão. Essas entidades permanecem à beira-mar, fazendo a ronda contra entidades maléficas.

Alguns livros espíritas citam a Calunga Grande como ambiente no atendimento a espíritos desencarnados. Veja, no livro “Entre o Céu e a Terra”, de Chico Xavier, pelo espírito André Luiz, este relata : “- O oceano é miraculoso reservatório de forças – elucidou Clarêncio, de maneira expressiva -; até aqui, muitos companheiros de nosso plano trazem os irmãos doentes, ainda ligados ao corpo da Terra, de modo a receberem refazimento e repouso”. Já no livro “Faz parte do Meu Show”, de Robson Pinheiro, encontramos várias referências do benefício que os recém-desencarnados recebem ao se aproximar das praias.E ainda no livro livro “Voltei”, também escrito por Francisco Cândido Xavier, a equipe responsável pelo trabalho de ajuda aos recém-desencarnados faz os primeiros atendimentos na praia.

 Mar: renascimento e renovação                            

Após um banho de mar, ou mesmo alguns momentos sentados em meditação e escutando o barulho característico das ondas batendo na praia, sentimos revitalização e reposição de energia. Cada umbandista deveria ao menos esporadicamente, ir à beira-mar, reverenciar à Mãe Iemanjá, pedindo a superação de momentos difíceis, saúde, força, proteção e paz.

Salve o mar, reino de Iemanjá!

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